• País Tem Meios Técnicos Para Prever O Nível Das Descargas Atmosféricas


    Angola dispõe de meios técnicos para controlar os níveis de intensidade e a regularidade das descargas atmosféricas, garantiu, domingo, em Luanda, o director adjunto para a área Técnica do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET).

    Isidro Tuleni explicou que a instituição possui uma rede de medição das descargas atmosféricas, composta por três "robot-sonda” de medição das variáveis meteorológicas, desde à superfície até 32 km de altitude. "A avaliação feita por estas máquinas é complementada com o resultado dos dados obtidos pela rede de estações meteorológicas de superfície”.

    Estes instrumentos, assegurou, estão a fazer a medição diária dos fenómenos atmosféricos do país.

    "A regularidade deste trabalho tem também como meta criar um banco de dados, para aferir se as tempestades estão cada vez mais violentas e qual a frequência em cada região do território nacional, assim como as possíveis causas de tais mudanças ou aumento na intensidade”, avançou.

    Os relâmpagos

    O director adjunto para a área Técnica do INAMET informou que os relâmpagos ou descargas atmosféricas ocorrem quando há presença de quantidade alta de humidade em altos níveis, ou seja temperaturas abaixo de zero graus célsius.

    "Quando há humidade em altos níveis é sinal que a chuva vai ser acompanhada de gotículas super-resfriadas e cristais de gelo, que ao colidirem estimulam a electrificação da nuvem e consequente as descargas atmosféricas”, afirmou.

    Províncias de risco

    De acordo com Isidro Tuleni, os dados obtidos pelo INAMET nos últimos meses indicam que este ano vai haver uma ocorrência de chuva acima do normal climatológica em quase toda a região Norte do país, especialmente nas províncias de Luanda e partes do Cuanza-Sul e Benguela. Para essa época chuvosa, avançou, sobretudo nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março do próximo ano, as projecções indicam chuvas intensas na região Norte, assim como um nível perto da média climatológica em toda a região Sul. "Essas chuvas podem ou não ser acompanhadas de fortes descargas atmosféricas”, declarou.

    Estação "Robot-Sonda”

    A estação "Robot-Sonda”, equipamento com tecnologias de ponta, tem ajudado a modelar, de forma realística, as condições atmosféricas em altitude, das variáveis de temperatura, direcção e velocidade do vento. O sistema tecnológico, que foi inaugurado o ano passado, pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, tem também facilitado, também, regular a humidade e a pressão até aproximadamente 35 km de atitude, através de sistemas de lançamento de balões de sondagem totalmente automatizados.

    Utilização dos pára-raios

    O mestre em Ciência e Tecnologias Eléctricas, Baba Cubango, disse a Rádio Nacional de Angola (RNA), que a colocação de pára-raios é fundamental para travar o fenómeno produzido pela descarga atmosférica, por atraírem a carga eléctrica e a desviarem para o solo.

    O pára-raios, explicou, não tem a função de atrair, simplesmente, as descargas atmosféricas, mas garantir, também, que caiam directamente para a terra. "São hastes metálicas, com pontas agudas, normalmente feita de cobres, alumínio ou aço, que costumam ser posicionados em lugares elevados, como no alto dos edifícios a fim de proteger dos possíveis danos causados pelos raios”, esclareceu.

    Este equipamento, esclareceu, é conectado à terra por fios condutores, que criam um caminho de baixa resistência para as descargas atmosféricas, neste caso, os raios.

    Estudo da agência espacial destaca África

    Uma pesquisa divulgada pela agência espacial norte-americana, NASA (National Aeronautics and Space Administration), aponta as cidades situadas na África Central, como Kamembe, no Rwanda, de Boende e Lusambo, no Congo Democrático, entre as regiões mais atingidas por descargas eléctricas atmosféricas em todo o mundo.

    Os pesquisadores analisaram os dados obtidos pelo satélite Optical Transient Detector (OTD), lançado pela NASA em 1995, que esteve em órbita até 2001. Os resultados foram extremamente precisos, pois o sensor a bordo do OTD registou, pela primeira vez na história da Nasa, os relâmpagos a qualquer hora do dia.

    Antes, com base no relatório, o que existia eram dados das descargas ocorridas apenas à noite. O satélite da NASA, entretanto, não foi capaz de distinguir os diferentes tipos de relâmpagos existentes no espaço, porque o aparelho mediu os raios que estavam dentro das nuvens e também aqueles que chegaram até o solo.

    10 CIDADES COM MAIS RELÂMPAGOS

    1  Kamembe - Ruanda

    2  Boende - Congo Democrático

    3 Lusambo - Congo Democrático

    4  Kananga - Congo Democrático

    5 Kuala Lampur - Malásia

    6  Calabar - Nigéria

    7  Franceville - Gabão

    8  Posadas - Argentina

    9  Ocana - Colômbia

    10  Concepción – Paraguai

    Fonte: Jornal de Angola.