• Íntegra Do Discurso Proferido Pelo Presidente Da República, João Lourenço, No Jantar De Gala Oferecido Pelo Presidente Da República Italiana.


    Sua Excelência Sergio Mattarella, Presidente da República Italiana,

    Excelentíssima Laura Matarella, Primeira-Dama da República Italiana,

    Sua Excelência António Tajani, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Vice-Primeiro Ministro da República Italiana

    Distintas entidades italianas e angolanas,

    Minhas Senhoras, meus Senhores,

    Excelências,

    Permita-me começar por agradecer o convite que me foi dirigido por Vossa Excelência Senhor Presidente da República, para realizar esta visita de Estado à Itália.

    Aproveito a ocasião para agradecer também as amáveis palavras que Vossa Excelência acaba de dirigir a mim e à delegação que me acompanha nesta visita que realizo à Itália, em cuja capital - a bela cidade de Roma - temos tido o acolhimento caloroso e fraterno que os italianos reservam aos seus visitantes.

    No encontro que mantive esta manhã com Vossa Excelência, tive a oportunidade de recordar assuntos relevantes que abordámos em Luanda por ocasião da visita de Estado que realizou a Angola em Fevereiro de 2019, durante a qual reafirmámos o desejo de aprofundar as relações de amizade e de cooperação entre Angola e a Itália.

    Do fundo do meu coração, agradeço a outorga da Ordem de Mérito da República Italiana, que recebo em representação de todo o povo angolano, na verdade o grande merecedor desta distinção, pela sua contribuição à causa da libertação dos povos, da paz e da harmonia entre as nações.

    Ao outorgamos a Ordem Agostinho Neto a Vossa Excelência e à Excelentíssima Primeira-Dama a mais alta condecoração atribuída a entidades estrangeiras, fizemo-lo como gesto de reconhecimento pelo apoio que o povo italiano, através de organizações da sociedade civil, prestou à luta de libertação nacional que nos conduziu à Independência Nacional, pelo facto de a Itália ter sido o primeiro país europeu a reconhecer, em Fevereiro de 1976, Angola como um Estado soberano, e ter sabido manter as relações de amizade e cooperação económica com Angola nos difíceis anos do conflito armado até à presente data.

    Viemos à Itália com o propósito de aprofundar os laços de amizade e de cooperação já existentes entre os nossos países, reafirmar o desejo de ver cada vez mais investimento privado italiano em Angola e angolano na Itália.

    O ambiente de negócios que se vive em Angola é bastante favorável ao investimento privado estrangeiro em todos os domínios da economia que sejam do interesse dos investidores.

    Nos encontros que mantive durante o dia de hoje, pude constatar perspectivas animadoras para o futuro próximo das nossas relações.

    Reforço, por isso, a esperança de que esta minha visita à Itália represente um marco importante na construção de uma parceria forte com benefícios recíprocos.

    Foram assinados, no início desta tarde, um conjunto de instrumentos jurídicos que reforçam a cooperação bilateral entre a República de Angola e a República Italiana.

    É evidente que só pode haver desenvolvimento económico e social dos países num ambiente de paz e segurança.

    Por esta razão, aproveitamos esta oportunidade para manifestar a nossa grande apreensão com o rumo dos conflitos no mundo, que urge resolver, por ameaçarem as vidas dos povos e das economias de países e regiões do nosso planeta.

    Em África, lutamos contra a instabilidade criada pelo terrorismo e os golpes de Estado nos países da região do Sahel, com a situação no leste da RDC e, mais recentemente, com o eclodir da guerra civil no Sudão, que em pouco tempo já causou centenas de mortos, milhares de feridos, milhares de deslocados internos e de refugiados acolhidos nos países vizinhos.

    O conflito israelo-palestiniano não tem contribuído para os esforços da comunidade internacional de fazer do Médio Oriente uma zona de paz e segurança.

    As resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a necessidade da criação do Estado da Palestina que conviva lado a lado e pacificamente com o Estado de Israel devem ser implementadas sob pena de se eternizar um conflito que tem trazido, ao longo dos anos, muita dor e sofrimento a ambos os povos, o palestino e o israelita.

    A situação na península coreana continua a merecer a nossa maior atenção, pela ameaça nuclear que representa.

    A invasão da Ucrânia, a ocupação e anexação de parte de seu território pela Rússia, representam a maior ameaça à paz e à segurança da Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial e, como tal, deve ser condenada e desencorajada.

    A soberania e a integridade territorial da Ucrânia são inalienáveis e devem ser respeitadas.

    É urgente alcançar-se um cessar-fogo imediato e dar-se início a conversações que tragam uma paz duradoura e a garantia de que esta tragédia jamais voltará a acontecer em solo europeu.

    Permitam-me, Excelências, que vos convide a erguermos as nossas taças para brindarmos em prol do reforço da amizade e da cooperação entre a Itália e Angola e à saúde de todos os presentes.

    Muito obrigado!