• Angola convida empresários indianos a explorarem as oportunidades logísticas


    Angola convida empresários indianos a explorarem as oportunidades logísticas
    Os empresários indianos foram, ontem, convidados pelo Presidente da República João Lourenço, a explorarem as oportunidades de transporte de logística, que podem colocar Angola no centro da estratégia exportadora para África e o mundo.
    O Chefe de Estado angolano, que discursava na abertura do Fórum de Negócios Índia-Angola, testemunhado pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, disse aos empresários indianos que o país está a investir fortemente na melhoria das infra-estruturas de transporte e logística, com destaque para projectos como o Corredor do Lobito, que liga o Oceano Atlântico ao interior do continente, atravessando a República Democrática do Congo e a Zâmbia e extensão até aos portos da Tanzânia e de Moçambique, no Oceano Índico.

    “Esta iniciativa insere-se numa visão continental de mobilidade, comércio e conectividade, que abre novas possibilidades para a instalação de cadeias de valor regionais”, esclareceu.

    Angola, elucidou o Chefe de Estado, posiciona-se estrategicamente no coração da África Austral, com acesso privilegiado aos mercados regionais da SADC e da Zona de Comércio Livre Continental Africana, que reúne mais de 1,3 mil milhões de consumidores.

    Tal posicionamento, aliado à estabilidade política, à crescente modernização das infra-estruturas e à aposta firme na integração económica regional, sustentou o Presidente João Lourenço, permite que o país se afirme como um “hub logístico e industrial de excelência” para empresas indianas que pretendam expandir as suas operações no continente africano.

    Reconhecimento do potencial da Índia

    O Estadista angolano, que regressou ao princípio da noite de ontem ao país, reconhece que a Índia é, hoje, uma potência global em sectores estratégicos, que coincidem com as prioridades do Governo angolano, no âmbito da sua agenda de reformas e diversificação económica, tendo realçado a indústria farmacêutica, em que “a Índia se destaca como líder mundial na produção de medicamentos genéricos, com forte reputação internacional pela qualidade e eficiência do seu sector”.

    Diante destes factos, João Lourenço reiterou que Angola encara com particular interesse o desenvolvimento de parcerias que permitam a instalação de unidades farmacêuticas no território nacional, com vista ao fortalecimento do sistema de saúde nacional, à redução das importações e à criação de emprego qualificado.

    No sector Agrícola, disse o mais alto mandatário do país, Angola dispõe de vastas extensões de terras aráveis, clima favorável e recursos hídricos abundantes, condições que considera “oportunidades excepcionais” para o investimento e transferência de tecnologia.

    “A experiência indiana na mecanização agrícola, agro-indústria e produção de alimentos posiciona-a como um parceiro ideal para apoiar a nossa ambição de alcançar a segurança alimentar, modernizar o campo e transformar o sector agrícola num pilar da economia angolana”, acrescentou.

    O fomento de “joint ventures” entre empresas dos dois países, prosseguiu o Estadista angolano, pode acelerar o processo que se pretende e gerar cadeias de valor sustentáveis e inclusivas.

    Outro sector de elevado interesse, sublinhou o Chefe de Estado, é o da Energia, “tanto no domínio tradicional dos hidrocarbonetos, no qual já existe alguma cooperação em curso, como nas energias renováveis, com destaque para a energia solar”.

    Fórum de oportunidade estratégica de cooperação

    O Chefe de Estado angolano classificou o Fórum de Negócios entre empresários indianos e angolanos como uma “oportunidade estratégica” para reforçar os laços de cooperação económica e empresarial com a Índia, ao mesmo tempo de consolidação de uma parceria que se mostra promissora e com grande potencial de crescimento.

    João Lourenço esclareceu que, hoje, Angola e a Índia estão unidas “por uma visão partilhada” de progresso inclusivo, industrialização sustentável e integração regional. “A relação entre Angola e a Índia assenta-se numa base jurídica e institucional sólida, construída ao longo de décadas de cooperação”, referiu.

    Acordos assinados reflectem parceria benéfica

    Os acordos existentes entre Angola e a Índia, que abrangem sectores como a Saúde, Energia, Serviços Financeiros e Mobilidade Diplomática, esclareceu o Presidente da República, reflectem o compromisso de ambos os países com uma parceria estruturada, transparente e mutuamente benéfica.

    Complementarmente, acentuou o Chefe de Estado, estão em curso negociações para a assinatura de novos instrumentos de cooperação nos domínios das Tecnologias de Informação, Agricultura, Construção e Comércio, que demonstram a dinâmica e o carácter estratégico da relação bilateral.

    “Estes acordos facilitarão a entrada de empresas indianas em sectores prioritários da nossa economia e abrirão o caminho para projectos conjuntos com elevado impacto económico e social, reforçando a confiança dos investidores num ambiente regulatório moderno, previsível e alinhado com as melhores práticas internacionais”, sublinhou o mais alto mandatário do país.

    O esforço que o país tem desenvolvido na melhoria do ambiente de negócios em Angola, através de reformas legislativas e administrativas, salientou, exigiu que o país reduzisse de forma significativa os prazos e os custos para o estabelecimento de empresas, simplificasse os processos de licenciamento e fortalecesse os mecanismos de protecção ao investimento.

    Fruto destas reformas legislativas e administrativas, ressaltou que a economia angolana registou, em 2024, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,43 por cento, destacando ser “a mais elevada taxa de crescimento dos últimos dez 10 anos, impulsionado pelo sector Não Petrolífero”, facto que considerou demonstrar o cenário de transformação económica em curso em Angola.