• Chefe de Estado convidado a participar no Congresso Nacional da Reconciliação


    O Presidente da República, João Lourenço, recebeu, quarta-feira, um convite oficial da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), organização da Igreja Católica, para participar no Congresso Nacional da Reconciliação, a decorrer em Novembro deste ano, em Luanda.
    O convite foi formulado durante a audiência concedida, ontem, pelo Chefe de Estado, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, a uma delegação da CEAST, encabeçada pelo presidente da organização católica, Dom Manuel Imbamba.

    “Viemos formular o convite oficial (ao Presidente da República) para o Congresso Nacional da Reconciliação, que estamos a organizar, como CEAST, no quadro dos 50 anos da nossa Independência”, assegurou o Dom Manuel Imbamba, à saída da reunião com o Presidente João Lourenço.

    “Como Igreja, achamos que é o momento de, enquanto angolanos, termos outra visão, outros ideais, outra maneira de abordar a política, e de ver e encarar a sociedade e o cidadão”, acrescentou.

    Dom Manuel Imbamba afirmou que o Chefe de Estado manifestou disponibilidade em participar no Congresso, facto que confessou ter deixado “satisfeita” a delegação da CEAST, que augura, por isso, “que seja mesmo o Congresso da Reconciliação”.

    Para o presidente da CEAST, a reconciliação é uma "peça fundamental” e “a independência deve significar bem-estar integral, emocional, psicológico, físico, social, cultural e cívico”, sublinhando tratar-se de um processo que deve ser construído juntos, “sem exclusão, sem rotulações, sem esta tendência da política do militante que estamos a levar a cabo, e que nos está a colocar de costas viradas uns contra os outros”.

    O também arcebispo se Saurimo defendeu o foco na “política da cidadania”, justificando ser, este, o desejo da CEAST para Angola, sugerindo a necessidade de os angolanos praticarem o exorcismo nacional, das consciências e dos políticos, para que “verdadeiramente a nossa linguagem política seja mais polida, incentivadora do bem, da alegria, da satisfação e da resolução dos problemas mais prementes”.

    Dom Manuel Imbamba esclareceu que o Congresso não é aberto apenas aos fiéis católicos, mas “a todos os cidadãos”, tendo assegurado que a CEAST vai congregar “todas as forças vivas” representadas no país, num total de 500 pessoas.

    “Inicialmente, tínhamos previsto realizar em finais de Outubro, mas, agora, em concertação com Sua Excelência Senhor Presidente, achámos melhor fazê-lo na primeira semana de Novembro”, referiu o arcebispo da Arquidiocese de Saurimo, para, em seguida, acentuar que estão todos “concertados e alinhados” para que o Congresso aconteça dentro dos prazos e termine com um culto ecuménico.

    O líder da CEAST reforçou, a finalizar, que a reconciliação é muito importante para o país e os angolanos, “porque estamos a carregar muitas feridas”, apelando, a propósito, à adopção de uma linguagem de irmandade, de fraternidade visada para o bem-comum e para o compromisso com Angola. “Se vivermos nesta tendência de grupos e de partidos, nesta tendência de grupos fechados, não conseguiremos construir a nação que todos desejamos”, alertou.

    A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) é uma organização da Igreja Católica que reúne os bispos de Angola e de São Tomé e Príncipe, para coordenarem actividades pastorais, partilharem experiências e emitirem pronunciamentos doutrinários, conforme as normas estabelecidas no Código de Direito Canónico.