Cyril Ramaphosa fez as declarações no momento das conversações entre as delegações oficiais dos dois países, no Union Buildings.
No quadro desta pretensão, de ver fortalecida a cooperação entre os dois países, o estadista sul-africano manifestou o desejo de ver mais empresas angolanas na África do Sul, tendo referido a existência de oportunidades no desenvolvimento de infra-estruturas, Agricultura, Construção, Mineração, Serviços Financeiros, Telecomunicações e Indústria transformadora, assim como outras áreas.
"A África do Sul deu prioridade à implementação de reformas económicas estruturais, para melhorar o ambiente operacional de negócios e o clima de investimento, e, através destas, esperamos atrair mais investidores angolanos”, ressaltou.
Tanto Angola quanto a África do Sul, disse Cyril Ramaphosa, possuem depósitos minerais substanciais que devem dar lugar à cooperação em estratégias e políticas que garantam um maior benefício aos minerais dos dois países.
"Isto tornar-se-á, especialmente, importante à medida que cresce a procura global pelos minerais essenciais necessários à transição energética”, aclarou Ramaphosa.
A este respeito, o Presidente sul-africano referiu que o seu país se sente, "imensamente”, encorajado pelo desenvolvimento do Corredor do Lobito, tendo manifestado a disponibilidade em trabalhar com Angola, contribuindo, deste modo, dentro das possibilidades dos projectos já existentes.
No entender de Ramaphosa, a decisão de se elevar o mecanismo bilateral estruturado da Comissão Mista de Cooperação para Comissão Binacional reflecte o compromisso comum de ambos os países em aprofundarem as relações.
Manifestou-se satisfeito pelo facto de Angola ser o país anfitrião da sessão inaugural da iniciativa, prevista para o próximo ano, em Luanda.
"Co-presidir convosco esta primeira sessão será uma honra, especialmente tendo em conta que será durante as comemorações do 50º aniversário da Independência de Angola”, destacou o estadista sul-africano.
Cyril Ramaphosa ressaltou que a segunda visita de Estado de João Lourenço à África do Sul constitui uma oportunidade para os dois países darem impulso à relação bilateral, que passa pelo fortalecimento do comércio, do investimento e das relações políticas e interpessoais.
Disse existirem em Angola cerca de 20 empresas sul-africanas, que têm estado, agora, num esforço concertado para explorar oportunidades de investimento para além do sector petrolífero, avançando, ainda, que a Corporação de Desenvolvimento Industrial da África do Sul tem, também, projectos de investimento em Angola, nomeadamente na Refinaria e no Projecto de Fosfato de Cabinda.
À medida que Angola e a África do Sul se esforçam por acelerar o ritmo da industrialização, Ramaphosa entende que é momento de ambos os países construírem capacidades mutuamente complementares no fabrico e na agregação de valores dos produtos.
Sobre este particular, salientou que vê o Acordo Comercial Continental Africano como um catalisador para o crescimento económico inclusivo, sobre o qual se deve tirar partido do sistema de termos preferenciais fornecido aos signatários.
Cyril Ramaphosa anunciou que vai manter, na qualidade de presidente em exercício do G20, uma relação mais estreita com o Presidente João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da União Africana, tal como defendido na Agenda 2063.
"Será um dos elementos definidores da nossa Presidência”, ressaltou o estadista sul-africana, destacando que trabalhar com a União Africana e outros países africanos garantirá que as questões de importância estratégica para África e para o Sul Global sejam destacadas.
Avançar com os ideais do Pan-africanismo
Tal como Angola, Cyril Ramaphosa referiu que a África do Sul também carrega o compromisso de fazer avançar os ideais do Pan-africanismo e de promover a resolução pacífica de disputas e conflitos, através da mediação, negociação e diálogo. Enalteceu as acções do estadista angolano na construção da paz na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e no continente, em geral.
"A África do Sul elogia Angola pelo papel construtivo que desempenha como presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, como facilitador do processo de Luanda e no Comité Presidencial Ad-Hoc para a República do Sudão”, afirmou o Presidente sul-africano, para quem é necessário que se continue a aprofundar a colaboração entre os dois países, para a resolução do conflito no Leste da RDC, da guerra civil no Sudão e da crise pós-eleitoral em Moçambique.
"Silenciar as armas, em toda a África, é uma condição prévia necessária para a estabilidade, o crescimento económico e o desenvolvimento do continente”, destacou Cyril Ramaphosa, sublinhando que a África do Sul se mantém firme no seu apelo à reforma das instituições de governação global, especialmente o Conselho de Segurança da ONU.
Fonte: Jornal de Angola.