A economia angolana vai absorver cerca de 6,5 mil milhões de dólares dos Emirados Árabes Unidos (EAU), resultantes de 44 acordos de cooperação assinados segunda-feira, em Luanda, no quadro da visita de Estado do Presidente Mohamed bin Zayed Al Nahyan.
O anúncio foi feito pelo Chefe de Estado, João Lourenço, quando discursava durante a cerimónia de recepção do homólogo dos EAU, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, no Palácio Presidencial da Cidade Alta.
Os acordos, assinados ontem, em Luanda, entre delegações ministeriais dos dois países, vão permitir uma injecção total de capital na ordem dos 6,5 mil milhões de dólares na economia angolana e a criação de milhares de postos de trabalho no país.
Parte considerável destes milhares de postos de trabalho, adiantou o Presidente da República, João Lourenço, vai ser destinado ao pessoal jovem com diferentes níveis de qualificação.
O Chefe de Estado fez saber que os acordos assinados têm como propósito a criação de um quadro mais abrangente de intercâmbio entre os dois países a nível institucional, comercial, político e cultural, mais propenso ao fomento de sinergias.
Este reforço do intercâmbio, precisou o estadista angolano, tem o foco voltado para áreas-chave como Energias Renováveis, Logística Portuária e Aeroportuária, sector Mineiro, Agricultura e Agro-negócio, entre outros.
"Está no centro das nossas preocupações a resolução dos problemas que decorrem da pobreza que ainda afecta segmentos consideráveis da sociedade angolana", indicou o Chefe de Estado.
João Lourenço ressaltou ser com base na busca de respostas urgentes e duradouras para estas questões que o Executivo se desdobra, de forma incessante, em contactos com os seus parceiros de cooperação internacional.
A ideia, realçou o estadista angolano, é absorver experiências, conhecimento e recursos destinados a aplicá-los com a finalidade de alcançar bons resultados.
João Lourenço salientou que para o efeito desta acção, é necessário tempo, perseverança, paciência, colaboração e solidariedade entre todas as forças vivas da Nação, tal como ocorre nos EAU, em que destacou os sucessos até agora alcançados, como resultado desta conjugação de esforços.
O Presidente da República disse, por isso, que o aprofundamento das relações com os Emirados Árabe Unidos visa a criação de um quadro de parceria do qual os dois países saiam a ganhar.
O Chefe de Estado indicou que a convicção é a de que o balanço da actuação comum que se vier a fazer, daqui a algum tempo, apresente resultados encorajadores e positivos para os empreendedores angolanos e dos Emirados Árabes Unidos que forem audaciosos e acreditarem na força da interacção como factor impulsionador da concretização da visão sobre o futuro dos negócios entre as duas Nações.
Mohamed bin Zayed Al Nahyan a Angola, sublinhou o Chefe de Estado, assume uma "irrefutável importância histórica, que se reflectirá, a partir de agora e de forma muito mais intensa e visível, nas relações de amizade, de cooperação e de solidariedade que ligam Angola aos Emirados Árabes Unidos”.
O Presidente João Lourenço destacou, igualmente, o facto de haver, já no mercado angolano, uma presença, que considerou apreciável, de empresas dos EAU que, "pelas suas reconhecidas competências", estão a conseguir um desempenho de realce, tendo em conta o contributo que prestam na diversificação e desenvolvimento da economia nacional.
Investidores estrangeiros mais importantes em África
O Presidente da República enalteceu o facto de os Emirados Árabes Unidos estarem a investir em África, sublinhando que o país emergiu como um dos investidores estrangeiros mais importantes a nível do continente africano, ocupando um lugar de destaque como parceiro para o desenvolvimento, com um volume de engajamento financeiro superior a 100 mil milhões de dólares, desde 2019 até ao momento.
"Esta constatação dá uma inequívoca consistência à aposta que estamos a fazer na relação de cooperação que pretendemos intensificar com o vosso país e na atracção de investimentos do sector Empresarial dos Emirados Árabes Unidos na economia de Angola, país que possui um potencial de recursos suficientemente vasto e diverso para não ter nenhuma hesitação em enfrentar os desafios complexos do desenvolvimento, tendo a vossa Nação como uma das suas principais referências", ressaltou o estadista angolano.
Crise de segurança mundial
A ocasião serviu, também, para João Lourenço partilhar com Mohamed bin Zayed Al Nahyan a preocupação sobre a crise de segurança que assola o Mundo, em consequência da multiplicidade de conflitos que se registam em várias zonas do Planeta.
Sobre este particular, o também Presidente em exercício da União Africana disse estar preocupado com a violência gerada por estes conflitos.
"Não se pode continuar a permitir que isso ocorra, sob pena de nos tornarmos cúmplices de uma das maiores tragédias humanas do nosso Planeta", acentuou o Chefe de Estado angolano.
Convite aos Emirados Árabes Unidos para Cimeira sobre Infra-estruturas
O Presidente João Lourenço convidou os Emirados Árabes Unidos e as suas empresas a estarem presentes na III Cimeira sobre o Financiamento do Desenvolvimento de Infra-estruturas em África, a ser realizada pela União Africana (UA), em Outubro deste ano, na capital angolana.
"Convido o vosso país e as vossas empresas a participarem, a fim de tomarem contacto com as múltiplas oportunidades que serão colocadas à discussão em termos de realização de projectos estruturantes, cuja concretização contamos com os recursos técnicos, tecnológicos e financeiros dos nossos parceiros", disse o líder da União Africana.
As inscrições para a Cimeira de Luanda sobre financiamento às infra-estruturas em África, uma iniciativa do Presidente João Lourenço, enquanto líder em funções da União Africana, podem arrancar nas próximas semanas, tal como avançou a organização continental no seu site.
O certame, marcado para os dias 28 e 31 de Setembro, está a ser considerado pela UA como a maior Cimeira sobre esta temática já alguma vez realizado no continente africano. O encontro alargado, continua o organismo continental, faz parte de um esforço mais amplo de África para desbloquear investimentos e parcerias em apoio às aspirações de infra-estruturas da Agenda 2063 da União Africana, no âmbito do Programa para o Desenvolvimento de Infra-estrutura na África (PIDA).