Os dados foram anunciados, ontem, em Luanda, pelo Instituto de Desenvolvimento Local (FAS), no encontro que manteve com a 4ª Comissão da Assembleia Nacional, que responde pela Administração do Estado e Poder Local, durante uma visita de constatação àquela instituição com vocação ao combate à pobreza.
Durante a reunião com os deputados, o director-geral do FAS, Belarmino Jelembi, explicou que se trata de um programa em processo de construção e aprendizado, que pretende criar políticas de apoio e assistência aos cidadãos mais vulneráveis em Angola.
Na sequência da sua abordagem, Belarmino Jelembi lembrou que no início do programa alguns cidadãos desconfiavam da maturidade e credibilidade do processo, pelo que, avançou, "houve pessoas que não aceitaram ser cadastradas no arranque”.
A título de exemplo, o director-geral do FAS referiu que já houve casos em que num determinado município tinham sido cadastradas oito mil beneficiários, mas que, segundo ele, na altura do pagamento dos valores apareceram mais três mil cidadãos não inscritos no programa.
"A situação gerou perturbação ao processo. E, no entanto, essas pessoas, quando apareceram, não explicaram que estavam ausentes na altura do cadastramento, sendo que queriam apenas que lhes fossem pagas também”, atirou Belarmino Jelembi.
Em face disso, o director fez saber ainda que actualmente o FAS não empenha esforço para mobilizar as pessoas, pois "há uma evidência de que depois do cadastramento haverá pagamento”.
Por último, o responsável revelou que, neste momento, em Luanda, nos municípios de Icolo e Bengo e da Quiçama, mais de 21 mil cidadãos já se beneficiaram do programa do Executivo angolano.
Destes números, detalhou, mais de 15 mil foram registados em Icolo e Bengo, enquanto seis mil no município da Quiçama, na zona da Muxima e Cabo Ledo.
Deputados aplaudem acumulação de verbas
No encontro com o Instituto de Desenvolvimento Local (FAS), o vice-presidente da 4ª Comissão da Assembleia Nacional, Paulo de Carvalho, salientou que o procedimento da instituição em não entregar mensalmente verbas aos cidadãos, mas semestralmente "é positivo”, na medida em que pode ser exequível em termos de investimentos.
"O facto de o FAS proceder à entrega não em dois meses ou três, mas em seis meses, pode ser útil porque, tal situação, evita a kixikila (sistema informal e comunitário de poupança e financiamento). É uma forma de kixikila que o FAS adianta directamente às famílias. Por isso, defendo ser vantajoso que essa questão estivesse no centro dos investimentos das famílias”, disse.
O deputado acrescentou que essa questão tem sido uma das preocupações da Comissão, na medida em que não se sabe o real destino do dinheiro entregue às pessoas, sendo que, realçou, quando os cidadãos recebem os valores pensam automaticamente no consumo e não no investimento.
Por outro lado, Paulo de Carvalho frisou que a Comissão é composta por deputados afectos aos círculos provinciais e nacionais, o que, para o vice-presidente, significa que os representantes do povo nessas regiões vão poder dispor de instrumentos que permitem colher informações a respeito dos benefícios que o FAS, em particular o Kwenda, tem estado a trazer às pessoas.
Sobre o projecto de inclusão das minorias conduzido pelo FAS, nomeadamente pessoas com albinismo, o responsável regozija-se pela iniciativa, referindo que a organização está preocupada com todos.
Fonte: Jornal de Angola.