Cada família está a receber, neste momento, 66 mil kwanzas, o equivalente a seis meses. Ou seja, duas recorrências das transferências sociais monetárias, no âmbito do Decreto Presidencial 132/23, de 1 de Junho.
Os beneficiários do Programa Kwenda, no Cuito Cuanavale, tão logo foram comunicados, na última quinta-feira, que os valores já estão disponíveis nas contas, aglomeraram-se na única agência bancária, na sede municipal, pertencente ao Banco de Poupança e Crédito (BPC), para comprovar e retirar os subsídios.
Esta situação fez com que a sede municipal do Cuito Cuanavale, na quinta-feira e sexta-feira, registasse um ambiente frenético que se verifica, normalmente, durante as celebrações da Batalha do Cuito Cuanavale, a 23 de Março.
O Jornal de Angola apurou que a enchente registada no ATM (multicaixa) do BPC e nos estabelecimentos comerciais, na sede municipal do Cuito Cuanavale, é resultado de muitos cidadãos terem estado ansiosos para retirar os valores e outros para fazer compras.
Tomás Cambinda, de 50 anos e residente na comuna do Longa, agradeceu ao Executivo por aumentar o valor do Programa Kwenda. Disse que, para além de comprar algumas chapas de zinco para a cobertura da casa, pretende, também, adquirir galinhas e cabritos para a reprodução.
Informou que no primeiro subsídio recebido, no ano passado, de 25 mil kwanzas, comprou um colchão de mola, mas com os 66 mil kwanzas desta vez tem como objectivo apostar na criação de alguns animais para servir de negócio e sustento da família.
Segundo Tomás Cambinda, o Governo já fez a sua parte e cabe a cada um que está a beneficiar deste subsídio do Kwenda empreender para não depender da próxima prestação, que pode demorar mais seis meses. Enfatizou que todos deveriam ter a iniciativa de criar o próprio negócio.
"Esta ajuda veio em boa hora, porque nós, aqui, estamos a sofrer muito, sem ter muitas vezes o que comer. Com estes valores que recebemos, muita coisa vai mudar na nossa vida, sobretudo, para aqueles que pretendem alocar parte do subsídio à actividade agro-pecuária, pesca ou comércio”, disse.
António Camuengo, de 45 anos, referiu que diferente da primeira fase em que recebeu 25 mil kwanzas e comprou, também, um colchão, desta vez, com os 66 mil kwanzas, vai direccionar maior parte do valor para a aquisição de sementes e outros instrumentos agrícolas para produzir milho, massango, massambala, mandioca, entre outras culturas, para sustentar a família.
"Não temos como agradecer ao Governo que está a nos dar dinheiro de favor para melhorar as nossas condições de vida. Por isso, tenho que aproveitar esta oportunidade para fazer alguma coisa que vai me ajudar a ter sempre dinheiro e não estar dependente destes apoios”, acrescentou.
Sara Bernardo, de 35 anos e ansiosa por beneficiar pela primeira vez do subsídio do Kwenda, não conseguiu esconder a satisfação, com os 66 mil kwanzas em mão. Sublinhou que estava a precisar tanto deste dinheiro para começar um negócio e ajudar a sustentar os quatro filhos.
Destacou que as transferências sociais monetárias são um programa do Executivo para ajudar muitas famílias, em situação de extrema pobreza, no município do Cuito Cuanavale, razão pela qual solicitou que o Governo deve abranger mais agregados familiares em todos os municípios do Cuando Cubango.
Fase de expansão
O chefe do Departamento Provincial do Instituto de Desenvolvimento Local (IDL – FAS), Zeferino Cavalo, anunciou que o Cuito Cuanavale é o primeiro município na província do Cuando Cubango a beneficiar desta segunda fase de expansão do Kwenda, cujas famílias passam a beneficiar das transferências sociais monetárias de um ano para dois anos.
Zeferino Cavalo informou que, esta semana, o Programa Kwenda prevê contemplar, também, 6.498 agregados familiares, no município do Cuchi, onde, na primeira fase, ou seja, no ano passado, beneficiaram igual número de famílias.
Pediu aos beneficiários a usarem correctamente os valores recebidos, não apenas para a compra de bens alimentares para o consumo, mas, também, a empreenderem em pequenos projectos ou negócios para que tenham sempre dinheiro para o sustento da família.
Zeferino Cavalo recordou que, na primeira fase da implementação do Programa Kwenda, na província do Cuando Cubango, foram contemplados 18.663 agregados familiares, sendo 12.232 no Cuito Cuanavale e 6.498 no Cuchi.
O chefe do Departamento Provincial do Instituto de Desenvolvimento Local anunciou, ainda, que nos próximos dias está previsto o início das transferências sociais monetárias, pela primeira vez, a 4. 434 famílias no município do Rivungo.
Explicou que o programa de transferências sociais monetárias visa acudir às necessidades primárias das famílias, em situação de vulnerabilidade, sobretudo, na compra dos principais produtos da cesta básica, tendo elogiado o facto de muitas pessoas usarem o dinheiro recebido para empreenderem em diferentes ramos de actividade.
Para além de existir muitas famílias que estão a comprar chapas de zinco, colchões, fogões e utensílios de cozinha, disse que outras apostam na aquisição de sementes para a prática da agricultura e fomento de pequenos negócios.Sublinhou que, no caso concreto do município do Cuito Cuanavale, muitas famílias têm estado a investir o dinheiro do Kwenda na compra de instrumentos para a pesca artesanal, já que a localidade é, potencialmente, rica em recursos hídricos.
Zeferino Cavalo assinalou que, com o aumento do valor da prestação mensal de 8.500 para 11 mil kwanzas, se espera que as famílias beneficiárias ampliem a capacidade de resiliência, do ponto de vista das necessidades.
"Esperamos ainda que, de forma geral, haja uma entrega efectiva dos próprios beneficiários do Kwenda, porque ao invés de investirem em acções que em nada poderão trazer valores acrescidos olhem como maximizar os subsídios que recebem”, disse.
Lamentou o facto de muitos beneficiários da primeira fase perderem os cartões multicaixa e outros esquecerem o código do PIN, situação que está a criar constrangimentos para receberem os 66 mil kwanzas desta segunda etapa.
Realçou que, no Kwenda, existe, também, o Programa de Inclusão Produtiva, que prevê arrancar neste segundo semestre de 2023. No município do Cuito Cuanavale, o projecto estará virado para o apoio à pesca artesanal e à prática da horticultura familiar.
Executivo em acção
O administrador municipal do Cuito Cuanavale, Daniel Bimbi Alfredo, disse que constitui uma grande satisfação para a população do local heróico e histórico, pois o Executivo elevou o valor do Programa Kwenda para melhores condições de vida das famílias vulneráveis.
Disse que, por este facto, as famílias contempladas agradecem mais este esforço do Executivo, por implementar esta estratégia do Programa Kwenda, que está a mudar a vida de muitos munícipes do Cuito Cuanavale e hoje compram cabritos e galinhas para a reprodução.
Daniel Bimbi Alfredo fez saber que, com o pagamento da primeira fase, foram criadas várias cooperativas de pesca que estão a vender muito peixe no município: "Temos a plena certeza de que, com os 66 mil kwanzas, vão gerar mais renda nas comunidades”.
Para esta autoridade municipal, o Kwenda hoje é uma realidade que muitas pessoas não contavam. "Hoje estamos a comprovar que o Executivo está a falar e está a fazer. Prova disto é o aglomerado de pessoas que se registou durante dois dias na agência do BPC para retirar os valores e, também, nos estabelecimentos comerciais para comprar diversos meios necessários nas suas casas”, frisou.
Daniel Bimbi Alfredo apelou aos beneficiários do Kwenda a não gastarem os valores para outros fins, mas, sim, apostarem, sobretudo, na compra de animais para a reprodução, instrumentos para a pesca e prática da agricultura, assim como outros meios para o fomento de pequenos negócios, de modo que, no futuro, haja empresários de sucesso.
Fonte: Jornal de Angola.