• Lideres Africanos Discutem Parcerias Vantajosas


    No primeiro dia desta reunião de cúpula, a decorrer até quinta-feira (15), os mais de 49 chefes de Estado convidados pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, participaram de diferentes encontros com altas entidades da política e diplomacia americana.

    Além dos fóruns, a agenda de trabalhos contemplou outros eventos paralelos, como a Reunião anual do Eximbank, da qual participaram os Presidentes de Angola, João Lourenço, e de Moçambique, Filipe Nyusi, que interagiram sobre temas candentes da actualidade.

    Ao intervir nesse encontro, o Chefe de Estado angolano defendeu a implementação de reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a inclusão de representantes de África na organização, assim como a entrada de países africanos para o grupo do G20.

    No seu pronunciamento, João Lourenço falou das oportunidades de negócio em África, em geral, e em Angola, em particular, com destaque para os sectores da energia solar e da agricultura, para os quais convidou os empresários norte-americanos a investirem sem receio.

    O Presidente angolano falou, igualmente, dos avanços conseguidos pelo país no domínio da luta contra a corrupção, fenómeno que considerou prejudicial à imagem dos Estados, tendo apelado ao comprometimento de todos para desencorajar a impunidade.

    Falou, ainda, sobre o combate à recessão económica em Angola, que está a ser feito por via da produção de bens e serviços para aumentar a oferta e baixar os preços dos produtos.

    Saudou a iniciativa do Presidente Joe Biden de realizar essa Cimeira de Cúpula, que acredita vir a ajudar a mudar a forma como os Estados Unidos da América olham para os países africanos.

    Por sua vez, o Chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, disse que os Estados africanos vieram aos EUA para discutir sobre o relacionamento económico entre os africanos e os norte-americanos, uma oportunidade para aproximar posições mutuamente vantajosas.

    Para si, esse encontro vai ajudar a construir a confiança entre o continente africano e os EUA, porque o distanciamento verificado actualmente, na área diplomática, política e económica, tem estado a ajudar pouco no progresso de ambas as partes.

    "Nós vimos como multilaterais, como continente, e estamos aqui perante um país que vai amadurecer as relações bilaterais em diferentes sectores, como o da diplomacia económica.

    Disse que os EUA precisam de descobrir África, em particular Moçambique e o seu potencial, tendo sublinhando, entretanto, o esforço e os investimentos realizados pelo Eximbank no seu país.

    "Já há sinais concretos dos investimentos das empresas deste país, e este convite chega-nos num bom momento para podermos encorajar, exortar, apear mais aos investidores deste país, através deste banco, para se poderem fazer presentes em Moçambique”, exprimiu.

    Filipe Nyusi afirmou que África é, até agora, "um jazigo de recursos”, que não devem ser discutidos na ausência das pessoas que o possuem.

    Disse que os Estados africanos esperam que essa Cimeira de Washington permita, no futuro, a transformação dos recursos locais dentro do próprio continente, porque isso facilita a mão-de-obra, aumenta a oferta de emprego e os lucros para os países.

    Além do encontro do Eximbank, os participantes da cimeira estiveram num Fórum de Jovens Líderes Africanos e da Diáspora, que discutiu temas relacionados com o Cinema, Televisão e Música, Cultura, Economia e Crescimento, Equidade Ambiental e Ensino superior.

    De igual modo, realizou-se um Fórum da Sociedade Civil, do qual participaram vários representantes da sociedade civil, chefes de delegações africanas e outros funcionários dos governos dos Estados africanos, além de altos funcionários da Administração americana.

    O evento, realizado sob o lema, "Parcerias Inclusivas para o Avanço da Agenda 2063”, serviu para a troca de ideias sobre a promoção de reformas anticorrupção e proteção dos direitos dos trabalhadores, bem como sobre a inclusão das vozes marginalizadas na vida pública.

    Ao proferir o discurso de abertura do encontro, a administradora da USAID, Samantha Power, enfatizou a importância das parcerias entre a sociedade civil e o governo, tendo encorajado o público a estar aberto às opiniões de quem está fora do governo.

    Nova era no domínio espacial

    Também na terça-feira, decorreu o Fórum Espacial dos EUA em África, que discutiu como promover objectivos compartilhados por meio da exploração pacífica e uso do espaço sideral.

    No quadro da reunião, a Nigéria e o Rwanda tornaram-se as primeiras nações africanas a assinar os Acordos de Artemis.

    Os Acordos foram assinados pelo Ministro das Comunicações e Economia Digital Isa Ali Ibrahim em nome da República Federal da Nigéria e pelo CEO da Agência Espacial de Ruanda, Francis Ngabo, em nome da República do Rwanda.

    Os Acordos de Artemis, que representam uma visão ousada e multilateral para o futuro da exploração espacial, foram lançados pelo Departamento de Estado e pela NASA, juntamente com oito nações, em 2020, para promover a cooperação espacial bilateral e multilateral entre os signatários, expandindo conhecimento do universo.

    Os signatários comprometem-se a orientar as suas actividades espaciais civis, incluindo a divulgação pública de dados científicos, mitigação responsável de detritos, registro de objectos espaciais e o estabelecimento e implementação de padrões de interoperabilidade.

    Com esse passo, os acordos possuem agora 23 signatários, abrangendo todos os cantos do globo e representando um conjunto diversificado de interesses e capacidades espaciais.

    Assim, Austrália, Bahrein, Brasil, Canadá, Colômbia, França, Israel, Itália, Japão, República da Coreia, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Nigéria, Polônia, Romênia, Ruanda, Arábia Saudita, Cingapura, Ucrânia, os Emirados Árabes Unidos, o Reino Unido e os Estados Unidos demonstraram o seu compromisso com o usopacífico, responsável e sustentável do espaço sideral.

    Outro evento que marcou o primeiro dia da Cimeira EUA-África foi o Fórum de Jovens Africanos e da Diáspora, que discutiu sobre as oportunidades de parcerias do sector privado.

    No encontro, o Escritório de Parcerias Globais do Departamento de Estado Norte-americano anunciou três parcerias com parceiros do sector privado, para colaborar no Fórum de Jovens Líderes da África e da Diáspora, parte da maior Cúpula de Líderes da África dos EUA.

    Trata-se ds African Diáspora Network, Atlantic Council’s Africa Center e Netflix, que estão a aproveitar os seus conhecimentos para apoiar o tema do Fórum de "Amplificar Vozes: Construir Parcerias Duradouras”.

    A esse respeito, o Departamento de Estado está a fazer parceria com a Rede da Diáspora Africana, com o apoio da Fundação Gates, para co-organizar um almoço de trabalho de alto nível focado em canalizar as remessas da diáspora para investimentos produtivos na África.

    De igual modo, está em parceria com o Atlantic Council, com o apoio da Open Society Foundation, para co-organizar um café da manhã de networking e destacar e exibir artistas e criativos de todo o continente.

    As empresas norte-americanas Meta e Google usarão suas tecnologias inovadoras para exibir esses criativos.

    O Departamento de Estado está em parceria com a Netflix em colaboração com a UNESCO para sediar uma exibição e um painel de discussão de um dos vencedores do concurso de curtas-metragens "Contos folclóricos africanos, reimaginados".

    Também hoje, decorreram os Fóruns de Paz, Segurança e Governança, e de Parceria para Cooperação em Saúde Sustentável, bem como sobre Conservação, Adaptação Climática e uma Transição Energética Justa.

    Ao intervir no último fórum, o Secretário de Estado, Antony J. Blinken, afirmou que todos os Estados estão afectados pela crise climática e devem estar comprometidos em trabalhar juntos para enfrentá-la.

    Lembrou que 17 dos 20 países mais vulneráveis ao clima do mundo estão no continente africano, sublinhando que quatro anos consecutivos de seca no Chifre da África deixaram mais de 18 milhões de pessoas vulneráveis à fome severa.

    Conforme o dirigente, comunidades em todo o continente estão a sentir o impacto de uma mudança climática, sendo certo que "as nações africanas contribuíram relativamente pouco para esta crise, mas são  desproporcionalmente prejudicadas por ela”.

    "É injusto e irrealista pedir-lhes que dêem as costas ao desenvolvimento económico e às oportunidades em nome de uma transição para energia limpa, pedir-lhes que renunciem ao que muitos de nós fizemos no passado ao desenvolver nossos países e nossas economias”, referiu.

    Disse acreditar que a melhor maneira – na verdade, a maneira justa –de enfrentar a crise climática na África é trabalhar junto com África.

    Anunciou que estão a fazer parceria para conservar os ecossistemas.  África abriga alguns dos ecossistemas mais preciosos do mundo, essenciais para combater as mudanças climáticas.

    Para esta quarta-feira, segundo dia da Cimeira de Cúpula, estão reservadas, entre outras actividades, um Fórum de Negócios EUA-África, sob o lema "Traçando o curso: o futuro do comércio EUA-África e Relações de Investimento”.

    Outros tema a abordar serão "Construindo um Futuro Sustentável: Parcerias para Financiar Infraestrutura Africana e a Transição Energética o Postura”, "Agronegócio Crescente: Parcerias para fortalecer Segurança Alimentar e Cadeias de Valor”, "Conectividade digital avançada: parcerias para Permitir o crescimento inclusivopor meio da tecnologia”.

    Ainda esta quarta-feira, a primeira-dama Jill Biden apresentará um programa para cônjuges, para promover prioridades compartilhadas com os cônjuges de líderes.

    Em apoio ao Câncer Moonshot do governo Biden, a primeira-dama conduzirá uma conversa, facilitada pelo embaixador John Nkengasong, com mais de 20 cônjuges e representantes do sector privado e deorganizações não-governamentais, sobre a quebra de barreiras à prevenção do câncer, detecção precoce, e cuidar de mulheres e meninas em todo o mundo.

    A primeira-dama fará comentários e ampliará os novos compromissos do governo federal e do sector privado, em apoio ao Câncer Moonshot.

    Fonte:Angop