• Mais de sete milhões de habitantes vão receber água de Quilonga Grande e Bita


    Mais sete milhões e meio de famílias vão beneficiar do abastecimento de água potável, com a conclusão, em Dezembro de 2026, dos Projectos Bita (Sistema IV) e Quilonga Grande (Sistema V), em Luanda e no Icolo e Bengo, respectivamente.
    As duas infra-estruturas vão eliminar o défice de abastecimento registado actualmente nas duas províncias, afirmou, ontem, na capital do país, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.

    Em declarações prestadas aos jornalistas, no desfecho da visita do Presidente da República, João Lourenço, aos dois projectos do sector, o ministro da Energia e Águas confessou que a materialização dos mesmos peca por acontecer “tardiamente”, sublinhando que deviam ter sido executados “desde o início da década passada”, precisamente em 2010, para cobrirem o crescimento populacional.

    “Trata-se dos mais importantes projectos de abastecimento de água que alguma vez foram construídos no país. Estamos a falar de uma capacidade instalada, nos dois projectos, de 750 milhões de litros de água por dia”, adiantou-se a esclarecer João Baptista Borges.

    “São projectos que vão atender, cobrir e eliminar o défice no abastecimento de água que temos em Luanda. Como sabem, temos actualmente apenas disponibilidade para atender 46 por cento da população, ou seja, a maior parte da população não tem água canalizada em casa”, acrescentou.

    O ministro referiu que Luanda tem uma fatia de investimentos no abastecimento de água de quase três mil milhões de dólares, facto que considerou significativo e demonstrativo da importância que o Executivo e o Presidente da República, João Lourenço, conferem à resolução do problema de abastecimento de água.

    O Projecto Bita, esclareceu o titular da pasta de Energia e Águas, vai ter uma capacidade inicial para atender dois milhões e meio de famílias, com a possibilidade de ser ampliada para mais duas fases, perfazendo um total de sete milhões e meio de residências.

    Em relação ao Quilonga, João Baptista Borges disse tratar-se de um projecto que está com uma taxa de execução mais elevada, em cerca de 40 por cento, assegurando que a previsão é que seja concluído ao longo do ano 2026, destacando o facto de um dos lotes do mesmo Sistema V, concretamente a captação e tratamento, ficar concluído em Agosto do próximo ano.

    “Mas temos, depois, o lote das adutoras, que é a ligação da estação aos centros de armazenamento de água, que vai, também, ficar concluído até ao final do ano. Ou seja, o Quilonga, em 2026, vai certamente começar a produzir água e a população vai sentir os benefícios da entrada em funcionamento deste sistema”, garantiu.

    Sistema IV
    Localizado no Bita Ambriz, o Sistema IV de abastecimento de água (integrado) está composto por áreas de captação, tratamento, adução e distribuição, dividido em três fases. A primeira terá 259.200 metros cúbicos por dia de produção, 100 mil metros cúbicos de armazenamento, 55 km de condutas adutoras, 3.700 km de rede de distribuição e 170 mil ligações domiciliares. Com as três fases e considerando a dotação per capita de 100 litros/habitação/dia, deverá abastecer água para cerca de 3.800.000 habitantes.

    O projecto tem um orçamento em dólares no valor de 528.521.890,84, prevendo-se, ainda, a integração da Estação de Bombagem de Água Bruta, Conduta Elevatória de Água Bruta, Estação de Tratamento de Água e Subestação Eléctrica, incluindo Torre Elevada, Edifícios e Instalações Auxiliares.

    De acordo com o ministro João Baptista Borges, as obras do projecto do Bita “está um pouco mais atrasado”, na medida em que a taxa de execução física é de 30 por cento, com previsão de ser concluída até Dezembro de 2026.

    “O Bita vai ter uma capacidade de 250 milhões de litros de água por dia, estamos a falar num benefício para mais de dois milhões e meio de habitantes, mais o Quilonga serão mais de sete milhões e meio de habitantes, juntando à capacidade actualmente existente, que também está a ser reabilitada”, esclareceu o ministro, assegurando que os projectos vão atender os cerca de 13 milhões de habitantes de Luanda.

    “Estamos a falar em termos de capacidade de produção, tratamento de água e armazenamento, mas é preciso, também, recordar que grande parte dos bairros que cresceram à volta de Luanda não têm, ainda, canalização”, lamentou, para em seguida garantir que vai ser iniciado um projecto de extensão da rede de distribuição no Zango, Caop, Mulenvos e Calumbo, enquanto no Bita vão ser feitas cerca de 160 mil ligações domiciliares.
    “Portanto, são dois projectos que, sem dúvida, vão reverter a situação do abastecimento de água que se vive em Luanda”, acentuou.

    Sistema V
    O novo sistema de abastecimento de água potável em construção no Quilonga Grande, província do Icolo e Bengo, de acordo com o director do Projecto do Sistema V, Edmundo Frederico, terá a capacidade de produzir 518 mil metros cúbicos de água potável por dia e beneficiar um total de cinco milhões de famílias nas duas províncias.

    Edmundo Frederico informou, ainda, que o Projecto Quilonga Grande deu emprego directo a 379 jovens, tendo esclarecido que, em termos de construção, a obra está com uma execução física de 51 por cento e 42 de execução financeira. Atendendo à dimensão do projecto, continuou o responsável, foi dividido em 10 lotes para a sua melhor implementação.

    Dos 10 lotes, frisou o director do projecto, está em funcionamento o Lote 4, que é o Centro de Distribuição do Zango 5, com capacidade de reservar 10 mil metros cúbicos de água, devendo beneficiar 100 mil habitantes.

    Em seguida, acrescentou que o Lote 5, que corresponde ao Centro de Distribuição construído no perímetro do Aeroporto Dr. António Agostinho Neto, com um reservatório de 40 mil metros cúbicos de água, vai beneficiar 70 mil famílias.

    O director do projecto referiu, ainda, que o Centro de Distribuição do Pólo Industrial de Viana, que já existia no quadro do Projecto Quilonga Grande, sofreu ampliações nas infra-estruturas e passou de 30 mil metros cúbicos de água para 50 mil, devendo abastecer 327 mil famílias.

    Ao fazer a apresentação da obra ao Titular do Poder Executivo, Edmundo Frederico explicou que o défice que as províncias de Luanda e Icolo e Bengo apresentam, até ao momento, deixará de existir com a implementação dos projectos Quilonga e Bita.

    “Agregando a capacidade instalada que a Empresa Pública de Águas (EPAL) tem hoje, adicionada a dois novos projectos, está previsto até Dezembro ter 1.600.000 mil metros cúbicos de água potável por dia”, informou.

    Luanda precisa de 2,1 mil milhões de dólares

    O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, disse que até ao final de 2027 vão ser gastos mais de 2,1 mil milhões de dólares para a execução dos projectos de abastecimento de água potável, só em Luanda, cuja cobertura actual de acesso à rede pública é de 46 por cento.

    Ao proferir palavras de boas-vindas ao Titular do Poder Executivo, o ministro disse que há um défice na distribuição de água, porque a construção de infra-estruturas não cresceu a nível da dinâmica demográfica.

    A pretensão, frisou João Baptista Borges, é subir para os 65 por cento até ao final do presente mandato, sendo que Luanda tem uma taxa de acesso inferior à média do país, olhando para os 13 milhões de habitantes.

    No entender do ministro da Energia e Águas, o investimento dos projectos Quilonga Grande e Bita deveriam ter tido início em 2010 para nesta altura estarem concluídos e a beneficiar os 13 milhões de habitantes de Luanda e Icolo e Bengo.

    “Estou a falar nestes 13 milhões com muita folga, porque temos capacidade de captação e tratamento de água que chega para atender a população actual, que estimamos que sejam 13 milhões e mais uma grande margem de reserva”, afirmou.

    Sector privado
    João Baptista Borges referiu, ainda, que as províncias de Luanda e Icolo e Bengo, tendo em conta os 13 milhões de habitantes, têm grandes desafios, e, por isso, vão precisar da participação do sector privado para melhor a racionalização do recurso.

    A EPAL, enquanto empresa pública, disse o ministro, tem 1.400 trabalhadores, tendo considerado o número insuficiente para atender a um universo populacional tão grande, facto que exige a participação do sector privado.

    O ministro da Energia e Águas referiu, também, que, neste momento, estão a trabalhar quer com o Banco Mundial, quer com a empresa Gemcorp para a adopção de modelos de gestão privada nas províncias de Luanda e Icolo e Bengo.
    ção de modelos de gestão privada nas províncias de Luanda e Icolo e Bengo.