O presidente da Interpol, Ahmed Naser Al-Raisi, realçou, terça-feira, em Luanda, o contributo de Angola no combate ao tráfico de drogas, contrabando de armas de fogo, viaturas, pedras preciosas e tráfico de pessoas na região africana.
Ahmed Naser Al-Raisi teceu estas considerações durante a abertura da 26ª Conferência Regional Africana da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), que decorre até quinta-feira, no Hotel Intercontinental, em Luanda, com a presença de 250 altos oficiais da Polícia africanos e de outros continentes.
O presidente da Interpol elogiou ainda o empenho de Angola no combate aos crimes cibernéticos, considerando que esta tipologia de crime representa uma séria ameaça ao continente africano.
Os participantes estão a abordar a estratégia regional africana da Interpol, no âmbito da repressão e prevenção da criminalidade transnacional, com destaque para o cibercrime, crimes financeiros e corrupção, tráfico de seres humanos e terrorismo.
Ahmed Naser Al-Raisi considerou que o crescimento da população africana cria uma grande oportunidade ao nível do continente para se combater os crimes no futuro, olhando para as ameaças crescentes, sendo importante a conjugação de esforços para prevenir as ameaças de crimes.
O dirigente sublinhou que a 26ª Conferência Regional Africana constitui uma oportunidade para um olhar atento aos desafios da Polícia em África e a forma como reforçar a cooperação entre as forças policiais na aplicação da lei.
O presidente da Interpol acrescentou que, nos últimos anos, África viu aumentar o número de crimes, fundamentalmente os cibernéticos, criando desse modo grandes desafios para os governos, empresas e cidadãos.
Os ataques cibernéticos são cada vez mais complexos e frequentes, com os criminosos a utilizarem novos métodos para terem acesso a dados e informações confidenciais, referiu.
Ahmed Naser Al-Raisi disse que, de acordo com o Fórum Económico Mundial, o crime cibernético está a crescer de forma mais rápida do que outra forma de criminalidade, acrescentando que quase metade de empresas a nível mundial são atacadas por crimes cibernéticos, sendo que as ameaças continuam com o crescimento da inteligência artificial.
Por isso, sublinhou, o relatório de avaliação sobre crimes cibernéticos em África identificou as ameaças cibernéticas que afectam a região africana, incluindo ataques de todo o tipo de crimes online, que criam um potencial para o roubo de informações sensíveis e ameaçar a vida das pessoas.
Ahmed Naser Al-Raisi fez saber que, recentemente, a Interpol e a Afripol organizaram uma operação em 24 países africanos, tendo identificado 24 redes cibernéticas que pretendiam roubar mais de 40 milhões de dólares.
A Interpol e a Afripol realizaram uma outra operação que culminou com o bloqueio de mais de 200 contas bancárias ligadas aos cabecilhas que lideravam a organização de crimes cibernéticos em países da África Ocidental, sendo que muitos acabaram detidos.
Adiantou que as organizações de polícia estão a trabalhar para perseguir, até desmantelar, as redes criminosas e responsabilizá-las pelos actos cometidos, diante da Justiça, independentemente do lugar em que se encontrem.
Naser Al-Raisi acrescentou que a Interpol tem apoiado a realização de operações policiais no sentido de destruir as actividades criminosas e assuntos conexos também no mundo marítimo.
O dirigente informou que foram retidos 2.700 imigrantes, identificados entre os vários casos de vítimas de tráfico humano.
O presidente da Interpol disse que África está a fazer todos os esforços no sentido de combater o crime, uma vez que os criminosos exploram as oportunidades para cometer actos ilícitos, defendendo, por isso, que haja inovação nas técnicas de combate ao crime, sendo que o trabalho do Secretariado Geral é antecipar e garantir que o continente tenha sempre ferramenta de policiamento para servir as suas necessidades de combate à criminalidade.
Ahmed Naser Al-Raisi defendeu ainda a união para a construção de uma organização que privilegie a inovação e mantenha as linhas de comunicação abertas.
A base de dados da Interpol dá à África oportunidade para partilhar informações e dados confidenciais importantes com as forças policiais ao nível do continente, sendo que houve muitos progressos alcançados pelas polícias, com a utilização do banco de dados. Adiantou que o uso do banco de dados da Interpol, desde 2021 até ao presente momento, tem aumentado, sendo que para além desse crescimento, África usou apenas 3 por cento da contribuição na base de dados da Interpol, até esse ano.
Ahmed Naser Al-Raisi exortou cada um dos Estados-membros africanos a fazer grande uso da base de dados da Interpol e a aumentar o volume de informações nela contidas.
O presidente da Interpol disse que a sua organização tem desenhado vários programas de capacitação para apoiar as forças policiais com novos conhecimentos sobre as melhores práticas para fazer face aos desafios da actualidade.
Adiantou que, em Agosto deste ano, mais de 1.500 utentes de forças policiais africanas fizeram uso da plataforma, beneficiando de uma vasta gama dos cursos fornecidos pela sua biblioteca de informação.
Ahmed Naser Al-Raisi sublinhou que as operações pan-africanas conjuntas estão ajudar a fazer com que a África se torne cada vez mais segura, sendo que a partilha de experiências do trabalho policial tem garantido segurança em cada um dos países-membros e seus povos.
O Comité Executivo da Interpol deu ferramentas aos seis Bureaus Regionais de África, no sentido de avaliar de que forma a Interpol pode apoiar e criar estratégias e mudanças sustentáveis.