"Serão, também, submetidas outras questões, como as candidaturas internacionais, e os Chefes de Estado não vão apenas olhar para as questões de integração, mas também para as de paz e segurança na região”, disse o chefe da diplomacia angolana, para em seguida acrescentar que a reunião de hoje, do órgão da SADC, vai também fazer as recomendações à Cimeira, que tem por objectivo decidir sobre o processo de passagem da presidência de Angola ao Zimbabwe.
"Estamos a falar de outro país da região, também historicamente muito ligado a nós. O Presidente Emmerson Mnangagwa vai assumir a liderança da SADC, a partir da Cimeira do dia 17 (amanhã)”, reforçou.
Téte António frisou, ainda, que o mandato de Angola, assumido ao mais alto nível pelo Presidente João Lourenço, se pautou por cumprir a agenda da organização, reflectido nos três pilares e os progressos feitos, mas também na atenção que o país dedicou às questões emergentes, com particular relevância ao nível da Saúde, sublinhando a questão da cólera e o fenómeno climático El Ninō.
"Foi uma presidência muito atenta, não só à rotina do programa da organização, mas também às questões emergentes, cada vez que elas se colocassem. Penso que foi cumprido, sobretudo um dos pilares da integração regional, do ponto de vista da coesão e coerência, e precisamos de impulsionar mais a saúde com os meios que a organização precisa, começando pelo assumir dos Estados-membros das suas responsabilidades”, referiu o ministro das Relações Exteriores.
Téte António admitiu, por outro lado, a necessidade de maior engajamento dos Estados-membros da SADC no que diz respeito às contribuições, justificando que a organização continua a registar "muito défice” na implementação.
"O que dissemos é que a organização não pode depender necessariamente dos doadores. Nós próprios temos de fazer primeiro o nosso dever, e este começa por aí. Não podemos exigir ao secretariado a implementação dos programas para os quais não pagamos. Portanto, esta é a grande questão que deve continuar na mesa, incluindo o retorno da paz na região”, disse.
Em relação à questão de segurança na região da SADC, o ministro não escondeu a preocupação com o facto de existirem, ainda, dois Estados-membros que precisam de ser vistos com muita atenção, nomeadamente Moçambique, pelo terrorismo, e o Leste da República Democrática do Congo (RDC, onde a mediação angolana conseguiu, no dia 4 deste mês de Agosto, um cessar-fogo entre as partes em conflito.
A SADC, referiu Téte António, esteve devidamente em acção, ao desdobrar uma força no Leste da RDC e, ao mesmo tempo, ao colocar um assento particular na procura da solução pela via pacífica, através do Processo de Luanda. "Este apoio foi, mais uma vez, reiterado na reunião do Conselho de Ministros da organização”, explicou.
Sétima palestra pública da SADC
O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, destacou, quinta-feira, em Harare, durante a 7ª Palestra Pública da SADC, realizada à margem da 44ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, a necessidade da industrialização da região, contando com a participação do sector público e privado dos Estados-membros.
"Os Estados-membros da SADC devem melhorar as capacidades à volta de áreas identificadas com vantagens comparativas e criar nichos de negócios e comércio que sejam únicos, mas complementares para os países da nossa região”, disse o Chefe de Estado zimbabweano, durante o discurso de abertura do evento, testemunhado pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António, e o embaixador no Zimbabwe, Agostinho Tavares.
"A próxima revolução industrial será promovida pelas energias renováveis, sobretudo pelo lítio e pela energia solar. Mais investigação e competência devem ser desenvolvidas pela região, para permitir a criação de uma nova geração de empresas e indústrias, à volta destes subsectores, para produzir novas formas de bens e produtos de valor acrescentado”, acrescentou Emmerson Mnangagwa.
Para o especialista angolano em Logística e Relações Internacionais Carlos Francisco, convidado a dissertar no tema sobre "As oportunidades de investimento e industrialização da SADC”, Angola é um bom exemplo, porque está a fazer uma coisa muito interessante, sobretudo na Zona Económica Especial, em Viana.
"Outros aspectos importantes são a implementação do novo Aeroporto Internacional, o Corredor do Lobito e o maior foco que o Estado está a fazer ao dar ênfase ao turismo. Estes três pilares podem ser bons indicativos para começarmos a industrializar a SADC e Angola propriamente dita, sem esquecer que temos de envolver os jovens neste desafio”, referiu o também professor da Universidade de Luanda.
O evento, organizado pela Universidade do Zimbabwe, em colaboração com o Ministério do Ensino Superior e Terciário, Ciência da Inovação e Desenvolvimento Tecnológico daquele país, decorreu sob o lema "Construindo Capacidade de Investigação e Ecossistemas de Inovação para uma Economia Industrializada Sustentável da SADC”, derivado do tema da 44ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC: "Promover a Inovação para Desbloquear Oportunidades para uma Economia Sustentada, Crescimento e Desenvolvimento Rumo a uma SADC Industrializada”.
Fonte: Jornal de Angola.