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Política
29 Novembro de 2024 | 10h11

João Lourenço: "Queremos que o investimento norte-americano venha para Angola”

A três dias do início da visita do Presidente Joe Biden, a primeira de um líder dos Estados Unidos da América (EUA) a Angola, o Presidente João Lourenço concedeu, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, em Luanda, uma entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, na qual falou da expectativa sobre a visita de Joe Biden e do que espera do futuro das relações bilaterais, com o Presidente eleito Donald J. Trump a assumir o cargo no próximo ano. Feita em inglês, a tradução aqui retomada foi editada e condensada pela publicação para conferir maior clareza.

Claramente, o Senhor está a fazer um esforço para estender a mão e se aproximar dos Estados Unidos. Por que?

Queremos que o investimento norte-americano venha para Angola e também que o mercado norte-americano tenha como destino o investimento angolano. E para isso, é claro, precisamos dar esse passo.

O que espera obter com a visita do presidente Biden?

Quando um Chefe de Estado visita um país, isso transmite um sinal de confiança às empresas americanas. Então, quando o Presidente Biden vier, essa também será uma maneira de dizer aos investidores americanos que podem vir e investir em várias áreas de nossa economia. Até agora, o investimento dos EUA que tivemos está focado apenas na indústria de petróleo e gás. Agora esperamos que, com a sua chegada, possa haver uma diversificação do investimento dos Estados Unidos nas várias áreas de nossa própria economia.

Acha que a eleição de Donald J. Trump afectará o relacionamento do seu país com os Estados Unidos?

Não estamos preocupados com a mudança que aconteceu no Governo dos EUA. Isso não é algo dramático. É algo normal em democracia. Poderes vêm e vão. Portanto, tudo o que temos a fazer é estar prontos para trabalhar com aqueles que estarão no poder.

Com base no que viu da sua administração anterior e no que ouviu, qual é a sua impressão do Sr. Trump?

A minha opinião é que ele mereceu a confiança dos eleitores dos Estados Unidos e é com ele que Angola e todos os países do mundo terão de trabalhar, se quiserem manter relações com os Estados Unidos.

Durante a sua última presidência, Donald Trump usou linguagem ofensiva para depreciar os países africanos. Como o Senhor se sente sobre isso?

Vamos ver como ele vai agir e como vai tratar os países africanos, porque não precisamos fazer nenhuma especulação por enquanto. Portanto, não podemos julgá-lo pelo que ele disse, mas vamos julgá-lo pelo que fará.

Os críticos dizem que o Corredor do Lobito repete velhos padrões de extração colonial de recursos naturais da África. Isso é uma preocupação para o Senhor?

Não estou preocupado. Hoje, quando exportamos os minerais, exportamos no interesse dos países africanos, diferente do que era no período colonial, quando eram extraídos sem o consentimento dos nossos povos. Achamos que a ferrovia não servirá apenas como um meio de trânsito de minerais. Vamos também instalar instalações agrícolas e industriais ao longo do Corredor do Lobito.

A China tem feito muito para ajudar Angola. E o seu país assumiu muitas dívidas da China. O Senhor planeia abordar o seu relacionamento com a China de maneira diferente nos próximos anos?

Estamos cientes de que ter essa dívida vinculada a garantias como petróleo era desvantajosa para o país. Mas naquela época aceitamos essa condição. Para isso tivemos que cumprir a nossa palavra. E é isso que estamos a fazer. Estamos a pagar a dívida. Se me perguntassem agora se eu tinha de tomar um novo empréstimo nas mesmas condições, eu diria que não.

Sabe que os Estados Unidos e a China estão a competir por influência em todo o mundo, inclusive no continente africano e no seu país. Como o Senhor gere isso como líder?

Claramente, isso não é um problema do meu lado, porque o mundo não é composto apenas por dois países. Angola também tem relações políticas, económicas e diplomáticas com a maioria dos países do mundo. E, claro, precisamos continuar com essa posição porque sabemos que o mundo não é feito apenas de grandes países. A maneira como eles colocam, é como se estivesses com um ou com o outro. Se escolheres um, terás que excluir o outro. E é assim que colocou, com os Estados Unidos ou a China. E é preciso escolher quem é o melhor. Esse não é o caso. Não é assim que vemos.

 

Fonte: Jornal de Angola.



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