A fé em Cristo e a esperança na vida eterna fizeram de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento um homem corajoso, livre e capaz de orientar os seus passos em prol do bem comum, afirmou o Papa Francisco.
O primeiro e único Cardeal de Angola e o primeiro da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé faleceu no dia 28 deste mês, em Luanda, vítima de doença, aos 99 anos de idade.
O líder da Igreja Católica endereçou uma nota de condolências ao Arcebispo de Luanda, Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, extensiva aos bispos auxiliares, clero, comunidades religiosas e todos os fiéis dessa arquidiocese.
No documento, o Papa Francisco disse ter recebido com pesar a notícia da morte do Cardeal, augurando, aos que se entristecem em Angola com a partida deste pastor, a comunhão da oração para que a ninguém falte o conforto da ressurreição.
Recordou os cuidados dispensados por Dom Alexandre Cardeal do Nascimento ao seu rebanho, em tempos conturbados e dificéis, "tendo sido para todos a expressão do rosto misericordioso de Jesus, bom samaritano da humanidade”.
Reiterou que o prelado colaborou com esta sede apostólica no seu zelo a favor dos mais pobres e necessitados, ao guiar os rumos das Cáritas Internacional.
"Por tudo quanto o Senhor realizou nele e por meio dele, dou graças a Deus, implorando-lhe que envolva com a luz da misericórdia este seu fiel servo e lhe abra as portas da vida em plenitude, ao mesmo tempo que concedo de coração, a todos quantos participam nas exéquias, a minha bênção”, referiu no documento.
Os restos mortais de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento serão sepultados no dia 8 de Outubro, na Sé Catedral da Arquidiocese de Luanda.
Alexandre do Nascimento nasceu na província de Malanje, a 1 de Março de 1925, e estudou nos seminários de Bângalas, de Malanje e de Luanda.
Em 1948, foi enviado para a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelado em Filosofia e a licenciatura em Teologia, sendo ordenado Padre a 20 de Dezembro de 1952.
Enquanto padre, tornou-se professor de Teologia Dogmática do Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda, e redactor-chefe do Jornal Católico "O Apostolado”, entre 1953 e 1956, e exerceu a função de Pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961.
A 10 de Agosto de 1975, foi nomeado bispo de Malanje, sendo ordenado a 31 de Agosto de 1975, na Sé Catedral de Luanda.
A 3 de Fevereiro de 1977, foi promovido a Arcebispo Metropolitano do Lubango e administrador apostólico ad nutum Sanctae Sedis da Diocese de Ondjiva.
A 5 de Janeiro de 1983 foi anunciada a sua criação como cardeal, pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de Fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.
Na sequência, Alexandre do Nascimento foi transferido para a Arquidiocese de Luanda a 16 de Fevereiro de 1986, tendo dirigido esta região até 23 de Janeiro de 2001.
Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997, e a 5 de Junho de 2015 ingressou na Ordem dos Pregadores.
Ao longo da sua carreira foi reconhecido com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, entregue na Embaixada Portuguesa em Luanda, a 19 de Julho de 2010, e tem doutoramento Honoris Causa pela Universidade Católica de Angola (2019).
Em termos de obras, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento possui "Após 15 anos, uma hora verdadeiramente eucarística nas ruas de Luanda : alocução feita no termo da procissão do corpo de Deus”, "Caminhos da Esperança”, "Como eu li o Livro de Rute”, "Diário íntimo e outros escritos de piedade”, "Do Conceito da Civilização e suas Incidências”, "Do homem sem fé – suas possibilidades e Limites – Segundo Francisco Suarez”.
Quanto a escritos pastorais, destaque para "Experiência constitucional angolana e a justificação dos direitos fundamentais”, "Livro de ritmos”, "Meditações para o ano Santo”, "Pequeno livro de Nossa Senhora” e "Sobre o belo e a Moral”.
Fonte: Angop.