-Excelência Senhor Li Qiang, Primeiro-Ministro da República Popular da China
-Senhores membros das delegações
Oficiais da China e de Angola
-Minhas Senhoras, Meus Senhores,
Permitam-me que, no meu próprio nome e da delegação que me acompanha, agradecer
às autoridades e ao povo chinês pela forma bastante calorosa, hospitaleira e
amistosa como fomos recebidos desde a nossa chegada a Beijing.
As relações entre os nossos países remontam há quarenta e um anos, e desde
então elas vêm crescendo e se fortalecendo, embora reconheçamos existir ainda
um grande potencial por se explorar, sobretudo num momento em que Angola
realiza um conjunto de reformas que têm vindo a melhorar o ambiente de negócios
ajustando-o às boas práticas internacionais.
Esta minha visita de Estado à República Popular da China tem como objectivo,
entre outros, o de agradecer todo o apoio prestado a Angola pela China nos
momentos mais difíceis da nossa vida, em particular nos anos imediatos ao fim
do longo e destruidor conflito armado, quando necessitávamos de recursos
financeiros para a reconstrução do país, das suas infra-estruturas principais,
altura em que encontrámos apenas na China a mão solidária que se disponibilizou
a abrir uma linha de financiamento de grande dimensão, com a qual foi dado o
impulso principal na reconstrução de estradas, pontes, caminhos de ferro,
portos e aeroportos, assim como na construção de raiz das nossas maiores infra-estruturas
como o Aeroporto Internacional Agostinho Neto já concluído, assim como a
grande barragem hidroeléctrica de Caculo Cabaça e o Porto do Caio em Cabinda,
ambas ainda em fase de construção, cujas obras gostaríamos de ver concluídas
dentro dos prazos acordados.
Agradecer e reconhecer o quanto a China nos foi útil no combate ao COVID-19,
por nos ter acudido com o fornecimento, em tempo record, de todos os
equipamentos, meios de biossegurança para os nossos hospitais, em particular os
laboratórios, ventiladores, camas, meios de proteçcão individual para as UTI,
assim como no fornecimento oportuno das vacinas nas quantidades solicitadas.
Esta vossa solidariedade é altamente apreciada e estamos gratos por ela ter
salvado milhares de vidas humanas.
No que diz respeito ao investimento privado directo de investidores chineses em
Angola, para além do que vier a ser dito no Fórum Empresarial amanhã,
gostaríamos de ver empresários chineses como accionistas na refinaria do Lobito
em fase de construção, assim como a aquisição de interesses participativos em
blocos petrolíferos onde temos disponibilidade tanto em offshore como em
onshore.
Encorajamos igualmente a aposta na indústria de produção de sílica cristalina
para células foto voltaicas, indústria petroquímica para a produção em grande
escala de amónia, ureia e outros produtos.
Excelência,
Senhor Primeiro Ministro,
A linha de financiamento da China que serviu sobretudo para financiar
investimento público de infra-estruturas gerou uma dívida pública que hoje está
em cerca de 17 mil milhões de dólares americanos, que Angola tem vindo a honrar
junto dos bancos e instituições financeiras credoras chinesas.
Desse valor, cerca de 12 mil milhões de dólares americanos foram contraídos
junto do Banco de Desenvolvimento Chinês CDB e do EximBank, com colateral
petróleo e cláusulas de reembolso que sobrecarregam o nosso serviço da dívida.
O trabalho que vem sendo realizado nestes últimos dias pelo nosso Ministro de
Estado para a Coordenação Económica e a Ministra das Finanças com o Ministro
das Finanças da China e com estes bancos e instituições credoras, para
estudarem medidas que nos aliviem sem que prejudiquem os interesses de nenhuma
das partes, decorreu da melhor maneira, tendo sido desbloqueados grande parte
dos constrangimentos que apresentamos, o que desde já agradecemos, por sabermos
que graças à intervenção das autoridades governamentais chinesas, teremos um
desfecho que esperamos favorável após implementação dos entendimentos a que
chegámos.
De igual modo, solicitámos da parte das autoridades chinesas que intercedessem
a nosso favor nas conversações que decorreram com o consórcio EximBank / ICBC,
financiador das obras de construção da barragem hidroeléctrica de Caculo
Cabaça, para atender ao nosso pedido de extensão do prazo para desembolso do
financiamento da construção da barragem e que igualmente fomos bem-sucedidos, o
que agradecemos desde já.
Para além de procurar atrair investimento privado chinês para alavancar a nossa
economia, coisa que faremos amanhã no Forum Empresarial China-Angola, ainda no
que ao investimento público diz respeito e desde que seja sem colateral
petróleo, vimos solicitar que nos seja concedido financiamento para a
construção de raiz de uma grande base aérea militar para a Força Aérea Nacional,
aproveitando as capacidades existentes da empresa chinesa AVIC, que acabou de
construir com sucesso o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, em
Luanda.
Ao ser financiado, seria o primeiro projecto de uma grande infra-estrutura
militar, que deixará o nome da China ligado à defesa e segurança de Angola.
Gostaríamos igualmente de ver a possibilidade de se conseguir financiamento à
nossa empresa pública SONANGOL ou à empresa privada chinesa que queira entrar
como accionista na refinaria de petróleo do Lobito e indústria petroquímica a
ela associada.
Luanda está com uma população estimada em 12 milhões de habitantes e, como era
de esperar, com graves problemas de mobilidade urbana. Gostaríamos igualmente
de ver a possibilidade de ver financiado o projecto de construção do Metro de
Superfície por uma empresa chinesa, para ligar Cacuaco ao Benfica, passando
pela Baixa de Luanda.
Qualquer um destes dois projectos, digamos civis, são autossustentados, não
constituindo, por isso, qualquer constrangimento no seu reembolso e no serviço
da dívida do país.
Estamos bastante agradecidos por toda a compreensão e abertura que encontrámos
da parte das autoridades governamentais, bancos e instituições de crédito,
assim como de muitas empresas empreiteiras e investidoras com quem tivemos já a
oportunidade de trabalhar durante esta nossa permanência em Beijing.
Fonte: Jornal de Angola.